Afundado ao largo dos Açores há precisamente 62 anos, o submarino alemão Uboat 707 foi a primeira "vítima" dos aviões britânicos que operavam a partir das Base das Lajes, numa operação que confirmou a importância estratégica do arquipélago. O U-707, comandado pelo oficial alemão Gunter Gretschel e com 51 marinheiros a bordo, operou nas águas do Atlântico durante a II Guerra Mundial, onde afundou dois navios, antes de ser atacado a 9 de Novembro de 1943, na posição 40.31 N e 20.17 W.
Este foi o primeiro afundamento de submarinos alemães a partir da base aérea da ilha Terceira (Açores), durante a Batalha do Atlântico, depois dos britânicos terem obtido autorização do governo de Oliveira Salazar para montarem uma estrutura militar nos Açores. Poucos dias antes da entrada em vigor do acordo, oficialmente anunciado em Londres e Lisboa a 12 de Outubro, todos os cidadãos dos países do Eixo (alemães, italianos) foram retirados dos Açores.
Os Açores foram considerados uma peça importante na Batalha do Atlântico iniciada em 1942 e que se prolongou até ao final da II Guerra Mundial, em Maio de 1945. A presença de submarinos alemães nas águas açorianas ocorreu durante as duas Guerras Mundiais. Foi durante a II Guerra Mundial que a sua presença mais se fez sentir pelo fato de o afastamento geográfico das ilhas fazer delas um refúgio perfeito para desencadear emboscadas aos navios mercantes que atravessavam o Atlântico Norte.
Atualmente, a Base das Lajes acolhe um destacamento militar norte-americano, no âmbito do acordo de cooperação e Defesa assinado entre Portugal e os Estados Unidos. É sede do Comando Aério dos Açores. Serve ainda a aviação civil - o Aeroporto da Terceira.
Um cemitério com 49 sepulturas de militares mantém-se como principal testemunho da presença na Terceira das forças britânicas que, há 62 anos, desembarcaram nos Açores para garantir aos Aliados o controlo do Atlântico Norte na II Guerra Mundial.
O acordo, celebrado a 17 de Agosto de 1943, concedia facilidades de utilização das Lajes, na Ilha Terceira, uma base de emergência em Rabo de Peixe, Ilha de São Miguel, e acesso aos portos de Angra do Heroísmo, Ponta Delgada e Horta. Em troca, os britânicos comprometiam-se a colaborar na defesa de Portugal, a fornecer armamento e pessoal militar especializado e integrar navios portugueses nos seus comboios, dando-lhes proteção.
A 8 de Outubro de 1943, desembarcaram em Angra do Heroísmo, integrados na operação "Alacrity", as tropas inglesas do 247.º Grupo da Royal Air Force. Na altura, a pista das Lajes, de terra batida, havia já sido prolongada para 3 200 metros de comprimento e 91 de largura o que a tornou, na época, a mais extensa do mundo. Foi com este destacamento, em precárias condições de habitabilidade, que começaram a operar das Lajes trinta aeronaves B-17 e nove Hudsons, tendo como missão quase exclusiva a luta anti-submarina.
Depois do primeiro afundamento de uma submarino alemão a 9 de Novembro de 1943 e até ao último ataque, efetuado a 14 de Janeiro de 1944, a Royal Air Force realizou 3 115 voos, detetou 38 submarinos, atacou 19 e afundou sete, tendo protegido comboios aliados num raio de setecentas milhas. Já em 02 de Fevereiro de 1942, ao largo da Ilha do Pico, o submarino alemão U-581 tinha sido avistado pela tripulação do destroyer inglês HMS Westcott, que o afundou com recurso a cargas de profundidade.
As cargas explodiram a cerca de 20 metros de profundidade, causando ondas de choque que fracturaram o casco pressurizado do U- 581, que ficou inundado. Com o naufrágio "à vista", a tripulação envergou os seus aparelhos respiratórios de emergência, os Drõger Tauchretter - um colete insuflável que continha um cilindro de oxigénio e um cartucho absorvente de dióxido de carbono. O naufrágio do U-581 não ocorreu imediatamente o que permitiu ao seu comandante e à maioria da tripulação - houve apenas quatro homens desaparecidos - nadarem até à costa da Ilha do Faial, pouco ainda se sabendo do resto da sua estadia naquele local.
Os submarinos Uboot, modelo VIIC, com capacidade para atingir uma profundidade máxima de 220 metros, atuaram a partir de 1941 em todos os teatros de guerra e dele foram produzidas 587 unidades. Mediam 67,1 metros de comprimento, 9,6 metros de altura e um calado de 4,74 metros, deslocava 1.070 toneladas, e possuía um motor de 3.200 cavalos que desenvolvia uma velocidade de superfície de 17 nós, enquanto em submersão não ultrapassava os 7,6 nós. Transportava 113,5 toneladas de combustível e 14 torpedos ou 26 minas navais e uma tripulação que podia variar entre os 44 e os 52 elementos.